quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Educação Literária

(Produção de António Varela)


O peixinho que descobriu o mar

Cristóbal nasceu num aquário. O mundo dele resumia-se a um pouco de água entre quatro paredes de vidro. Isso, alguma areia. Algas, pedras de diversos tamanhos, a miniatura em madeira de uma caravela naufragada. Ah! E trinta e sete outros peixinhos, quase todos irmãos de Cristóbal, ou primos, tios, parentes próximos. Havia ainda uma velha tartaruga, chamada Alice, que já vivia no aquário quando os avós de Cristóbal nasceram. Os peixes acreditavam que Alice vivia no aquário desde a criação do Universo e ela deixava que eles acreditassem naquilo.
Às vezes os peixes mais velhos contavam histórias que tinham escutado aos seus avós. Diziam que, para além das paredes do aquário, longe dali, havia água, tanta água que um peixe podia passar a vida inteira a nadar, sempre em linha recta, sem nunca bater de encontro a um vidro. A essa água imensa, onde tinham nascido os primeiros peixes, chamava-se Mar.
Os peixes falavam do Mar como quem fala de um sonho. Cristóbal tantas vezes escutou aquela história que um dia decidiu perguntar a Alice. A tartaruga era velhíssima, devia saber, tinha de saber. Encontrou-a a tomar sol em cima de uma pedra. Cristóbal prendeu a respiração, ergueu a cabeça acima da água, e fez-lhe a pergunta. Alice torceu a boca numa careta de troça:
- Disparate: o Mar não existe! Não existe nada para além daquelas quatro paredes de vidro. O universo inteiro somos nós.
Cristóbal foi-se embora pensativo. Sempre que ouvia falar no mar o aquário parecia-lhe mais pequeno. Não achava possível que os peixes, seus avós, tendo vivido sempre dentro de um aquário, tivessem conseguido inventar uma coisa tão grande como o Mar. Ele tinha de saber a verdade. Ele queria saltar as paredes de vidro e ir à procura do Mar. Os outros peixinhos não compreendiam a angústia de Cristóbal:
- Não estás bem aqui? – perguntavam-lhe -, não tens tido tudo o que precisas?
Cristóbal olhava para eles, aflito, incapaz de explicar aquela vontade de partir que sentia crescer, todos os dias, dentro do seu coração e o empurrava contra as paredes do aquário, tentando espreitar, para além delas, um outro mundo. O que via, porém, eram os seus pró-prios olhos reflectidos no vidro gelado.
Uma manhã, muito cedo, ainda todos os peixes dormiam, Cristóbal encheu-se de coragem, tomou balanço, e saltou. Percebeu imediatamente que o mundo não terminava no aquário. Percebeu também, assustadíssimo, que o resto do mundo era um lugar tão seco quanto a pedra onde Alice costumava descansar. Percebeu isso tarde demais.
Estava estendido num chão de madeira e não conseguia respirar. Foi então que viu o gato. Ele não sabia o que era um gato. Nunca tinha visto nenhum. O gato, no entanto, sabia o que era um peixe. Os peixes, na opinião do gato, eram comida. Cristóbal viu o gato e gritou:
- Ajuda-me! Vou morrer!...
- Pois vais – disse o gato, que aliás, não era um gato, era uma gata, e por sinal lindíssima -, eu vou-te comer.
Cristóbal conseguia ver o aquário e do lado de lá do vidro os outros peixes. Mas eles não o podiam ver.
- Não me comas – pediu -, eu quero ver o Mar.
A gata olhou para ele admirada:
- O Mar? Pois tu nunca viste o Mar?
Cristóbal, com dificuldade, porque fora de água não conseguia respirar, contou-lhe a sua história. Verónica – era assim que se chamava a gata -, ficou com pena dele. Agarrou-o com a boca, cuidadosamente, para não o magoar, e colocou-o numa tigela com água.
- Vou-te ajudar –disse-lhe -, porque nunca conheci ninguém tão corajoso como tu.
Nessa tarde a gatinha saiu pelos telhados à procura de Nicolau, o albatroz, um pássaro enorme, bico largo e fundo, capaz de transportar lá dentro uma enorme quantidade de peixes. Nicolau, velho amigo, recebeu-a com alegria. Verónica contou-lhe a história de Cris-tóbal e pediu-lhe para levar o peixinho até ao mar. O albatroz achou a ideia um pouco estranha: afinal ele tirava os peixes do mar para os comer. Mas quando Verónica o apresentou a Cristóbal depressa se convenceu. Colocou então o peixinho dentro do bico, com uma larga porção de água, para que ele não sentisse dificuldades em respirar, e levantou voo.
Voavam há quase uma hora quando Nicolau abriu o bico e disse a Cristóbal para espreitar. Cristóbal ergueu a cabeça e o que viu deixou-o mudo de espanto. O Mar brilhava imenso à sua frente. Era muita água. Havia muitíssimo mais água ali do que dentro do seu aquário, muito, muito mais, muito mais do que ele se tinha alguma vez atrevido a imaginar. Nicolau abriu as grandes asas e começou a descer em direção ao imenso azul, lá em baixo, ao salgado rumor das ondas. Gritou:
- Adeus, amigo. Boa sorte!
Sacudiu o bico e soltou Cristóbal! O peixinho olhou para cima, antes de mergulhar nas águas livres do Mar, e ainda o viu agitando as asas, adeus, adeus, e desaparecer entre as nuvens altas.
Longe dali, Verónica, a gata, pensava em Cristóbal. A partir daquela data ela nunca mais foi capaz de comer peixe. Coitada, hoje, só come vegetais.


José Eduardo Agualusa

sábado, 11 de janeiro de 2014

Jogos matemáticos

O JOGO DO SEMÁFORO

Este jogo foi inventado por Alan Parr.

Material:8 peças verdes, 8 amarelas e 8 vermelhas partilhadas pelos jogadores.

Objetivo:
Ser o primeiro a conseguir uma linha de três peças da mesma cor na horizontal, vertical ou diagonal.

Regras:
O jogo realiza-se no tabuleiro acima indicado, inicialmente vazio.

Em cada jogada, cada jogador realiza cada uma das seguintes ações:

  • Coloca uma peça verde num quadrado vazio;

  • Substitui uma peça verde por uma peça amarela;

  • Substitui uma peça amarela por uma peça vermelha.

  • Joga-se à vez;
  • Em cada turno o jogador pode:
-Introduzir uma peça verde numa casa vazia;
-Substituir uma peça verde por uma amarela;
-Substituir uma amarela por uma vermelha.
  • Nenhuma jogada é reversível.
Objetivo: conseguir um "três em linha" na vertical, na horizontal ou na oblíqua com peças da mesma cor.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

É inverno

Hoje na nossa aula de TIC estivemos a escrever um poema de Eugénio de Andrade sobre o inverno.
Para isso utilizamos o programa word e depois ilustramos com o programa paint.
O resultado foi magnífico.


O  inverno
Velho,velho,velho
Chegou  o  inverno
Vem  de sobretudo,
Vem  de   cachecol,
O  chão  onde  passa
Parece  um  lenço.
Esqueceu   as luvas
Perto  do  fogão.
Quando  as    procurou,
Roubara-as  um  cão.
Com  medo  do  frio
Encosta-se  a  nós
dai-lhe  café quente
senão  perde  a  voz.

Velho,velho,velho.

Chegou  o   inverno.